Você conhece e reconhece o papel das mulheres no empreendedorismo brasileiro? Antes e durante a crise causada pelo coronavírus, as mulheres empreendedoras vêm se destacando por sua capacidade de liderança e resiliência, mas também sofrendo com as dificuldades impostas pelo momento.

Neste artigo, destacamos alguns pontos expostos pela pesquisa “Empreendedorismo no Brasil 2019: um recorte de gênero nos negócios”, realizada pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora. O estudo traz comparações entre negócios liderados por mulheres e homens, destacando as diferenças no perfil, na motivação para empreender e na gestão. A pesquisa foi realizada através de 2554 entrevistas quantitativas com mulheres (1930) e homens (624) no mês de agosto de 2019.

#1 E para começar, destacamos a formação das líderes de negócios: 69% das mulheres têm graduação ou pós-graduação, enquanto entre os homens a taxa é de 44%. Este dado traz uma tendência no empreendedorismo e uma característica social, na qual as mulheres precisam redobrar esforços para provar que são capazes e por isso tendem a iniciar um negócio apenas depois de se graduar no ensino superior. O livro What Works for Women at Work, de Joan C. Williams e Rachel Dempsey, sustenta essa afirmação (recomendamos a leitura). Outro dado da pesquisa que traz esse estigma é que apenas 34% das mulheres se sentem capazes de planejar seu negócio, contra 50% dos homens, e 28% se sentem seguras com gestão financeira, enquanto entre os homens essa taxa é de 50%.

#2 Outra característica evidenciada pelos dados é a maior dedicação da mulher com a família, o que, por um lado, as motiva a ter o próprio negócio, mas, por outro, diminui seu tempo cedido ao negócio. Segundo a pesquisa, 58% das mulheres trabalham em casa e a flexibilidade de horário e o tempo para a família são as principais motivações das mulheres para empreender. Já para os homens, as principais motivações são ter renda extra e a vocação natural. Além disso, mulheres investem 24% de tempo a mais na dedicação com a família e gerenciar o tempo entre trabalho e família é o principal desafio das empreendedoras, enquanto que para os homens o maior desafio é o acesso a recursos financeiros.

#3 Quanto ao faturamento, metade dos negócios comandados por mulheres faturam somente até R$2500, contra 30% dos negócios comandados por homens. Além disso, 41% das mulheres misturam o dinheiro da casa com o do negócio, contra 28% dos homens.

#4 A jornada empreendedora da maioria das mulheres é solitária: 73% tomam decisões sozinhas, contra 44% dos homens, e 60% delas não têm funcionários.

Por fim, a pesquisa faz algumas conclusões. Destacamos que as mulheres continuam se desdobrando muito mais que os homens para conciliar as atividades empreendedoras e domésticas, que a jornada delas segue repleta de desafios e inseguranças, por isso é essencial que políticas e incentivos públicos, bem como capacitações técnicas e comportamentais continuem priorizando esse público, pois seu sucesso empreendedor é o sustento de muitas famílias e gerador de empregos para outras mulheres.

Para acessar o relatório completo da pesquisa, acesse https://institutorme.org.br/pesquisas/