A crise gerada pela pandemia do novo coronavírus pegou a todos despreparados, especialmente, os micro e pequenos empreendedores e para entender melhor os impactos enfrentados por esse público nesse período a Aliança Empreendedora realizou uma pesquisa entre os dias 28 de maio e 24 de junho de 2020, com 372 respondentes através de formulário online. Através deste artigo, queremos compartilhar com vocês os primeiros resultados da pesquisa.

Perfil

A pesquisa foi disparada nacionalmente e recebemos respostas de empreendedores de 19 estados, porém cerca de 85% desses respondentes vivem nos estados de São Paulo ou Rio de Janeiro e 93% eram mulheres. 68% deles tinha entre 25 e 45 anos e 69% se declaram negros.

Os negócios estão principalmente nos seguintes seguimentos: Beleza, Artesanato, Alimentação e Costura. 67% são formalizados como MEI e 26% são informais e 55% não tinham funcionários.

Impactos da crise

A maioria dos empreendedores tinha o negócio realizando todas as atividades sem o apoio de um ou mais funcionários, entretanto 23% precisou demitir pelo menos 01 funcionário até o momento.

73% dos negócios faturavam entre R$500,00 e R$5000,00 por mês antes da pandemia, e 47% viu sua renda diminuir pela metade enquanto outros 31% precisou fechar o negócio nas últimas semanas.

Para enfrentar todas essas mudanças e dificuldades financeiras, 61% está vivendo das suas economias ou com apoio de familiares e 47% fez alguma adaptação nos negócios para atender as medidas de isolamento social, sendo 20% delas começar a fazer entregas.

As tecnologias também têm sido um recurso importante para manter as vendas, especialmente as redes sociais. O Whatsapp é a principal delas, o aplicativo é uma forma de receber pedidos em 60% dos estabelecimentos. Além dele, 40% dos estabelecimento usam outras redes sociais para chegar ao cliente e receber pedidos. Porém 21% disse não usar nenhum tipo de recurso tecnológico em seu negócio. A falta de conhecimento pode ser um motivo para isso.

E a tecnologia além de estar sendo importante para realizar as vendas, tem sido uma aliada também na forma de pagamento. As transferências bancárias e as vendas online têm se destacado como uma oportunidade para quem está mantendo o negócio funcionando. E um ponto de atenção é que 17% estão percebendo também o aumento do fiado em seus negócios.

Soluções para crise

Ao ser perguntados sobre as principais soluções para apoiar seus negócios nesse momento tivemos 48% empreendedores consideram muito importante controle sobre as finanças, incrementar ou incorporar vendas online, divulgação pela internet e redes sociais e entregas a domicílio. E também incorporar novas medidas de higiene no negócio os clientes.

E as soluções mais citadas como as que menos ajudaria nesse momento foram: Reduzir a atividade, adequando equipe e produção (56%) e acessar crédito ou financiamento (48%).

Contribuição para o ecossistema

A pesquisa mostrou que apesar da crise ter afetado bastante os negócios, os microempreendedores se mantem otimistas, e acreditam que conseguirão manter negócios (36%) e alguns até que conseguirão crescer (48%).

E em meio a todas as mudanças e adaptações que estão sendo necessárias, o uso da tecnologia foi algo que acelerou com a crise do COVID-19, como uso de aplicativos tanto para venda como para pagamento. Porém percebemos ainda que uma parcela significativa dos empreendedores não incorporou qualquer mudança em seu negócio seja por desconhecimento, ou por não enxergar necessidade.

A falta de inclusão digital e/ou do entendimento do uso dessas ferramentas para o negócio pode ser uma possibilidade de apoio do ecossistema para o microempreendedor. E pode-se partir de uma ferramenta que já está no cotidiano das pessoas, o Whatsapp. 91% disse usar o aplicativo com frequência, porém não necessariamente, se percebe sua utilidade como uma ferramenta de trabalho.

Saber como usar aplicativos e incorporar novos meios de pagamento, pode ser fundamental para que muitos negócios sobrevivam não somente durante o período de isolamento social como também no pós-crise, quando alguns comportamentos podem ser incorporados a nova rotina do consumidor.

Outro ponto importante a ser trabalhado, são as questões de biossegurança e higiene. Até que se encontre uma solução para a pandemia, muitos negócios precisarão se adaptar e incluir novas práticas em sua rotina para continuar em funcionamento. Encontrar soluções que sejam adequadas e não represente um grande custo para os empreendedores se mostra uma grande necessidade.