A pandemia colocou o mundo inteiro de pernas pro ar e os negócios dos microempreendedores em alto risco por conta do isolamento social e a fatal crise econômica.

Setores como o de vestuário estão sofrendo forte impacto. O consumo de roupas teve queda de 90%, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Ao mesmo tempo que a produção de máscaras para proteção ao novo coronavírus também viralizou, tomando conta das produções e se tornando fonte de renda alternativa para sair da saia justa da crise.

Como apoiar costureiras e artesãos a se reinventar e buscar alternativas e oportunidades que ultrapassem a barreira da crise?

Essa preocupação chegou para nossa equipe no projeto Costurando o Futuro quando nos vimos com o desafio de adaptar as capacitações presenciais para um formato de educação a distância que efetivamente chegue aos empreendedores mais vulneráveis, com linguagem e ferramentas que os auxiliem a manter as vendas e a renda.

Foi então que em abril realizamos uma pesquisa para conhecer os impactos da pandemia do Covid-19 para Costureiras e Artesãos.

Contamos com 100 empreendedores respondendo a um formulário online com 11 perguntas e compartilhando conosco as principais dificuldades que estão enfrentando nesse momento.
Grande parte dos respondentes foram acionados a partir da rede de contatos da Aliança Empreendedora que teve uma forte atuação em São Paulo e Paraná nos últimos anos com empreendedores deste setor. Portanto do universo da pesquisa, 59% vivem na região da grande São Paulo e 30% no Paraná. Ainda sobre o perfil dos participantes, 40% são informais e dos formalizados 30% são MEI.

Neste artigo anexamos a pesquisa completa e em seguida compartilhamos os principais destaques:

#1 48% dos negócios não estão funcionando.

Muitos dependiam do contato direto com o público e não tem acesso a conhecimentos e ferramentas de divulgação ou venda online, o que reforça a necessidade em oferecer informações e acessos que possibilitem a remodelagem destes negócios frente a crise.

#2 34 % não está buscando nenhum apoio para sobreviver a crise.

O comportamento de “paralisia” afetou muita gente, que sem saber o que fazer em um cenário de tantas incertezas acaba por ficar isolado e esperando as coisas mudarem, o que é muito preocupante em um cenário que só tem ficado mais complicado a cada dia e que ainda vai repercutir durante muito tempo. Nesse sentido são imprescindíveis ações que despertem para essa urgência levando informações confiáveis para as pessoas em comunidades.

#3 44% está participando de lives e cursos pela internet.

A procura por conteúdo online cresceu astronomicamente por conta da necessidade ampliando a receptividade para esse formato de capacitação. Porém é importante considerar que a maioria dos brasileiros não tem acesso a planos suficientes de pacote de dados.

#4 75% trabalham sozinhas e 23% com familiares próximos.

A grande maioria está sozinha com o desafio da sobrevivência do negócio e muitas vezes sem referências de auxílios efetivos. O ecossistema empreendedor tem aqui um papel importante na mobilização de redes que viabilizem esse alcance.

#5 10% está buscando apoio através de parcerias com outros empreendedores e 16% afirmam contar com o apoio dos clientes ou fornecedores.

Aqui o destaque é para o enorme valor da mobilização das redes de contatos e também de movimentos que incentivem a economia local como por exemplo a campanha #compredopequeno e grupos comunitários que tem surgido para troca de serviços, divulgação e compra e venda pelo WhatsApp nos bairros.

#6 Os maiores desafios segundo as costureiras e artesãs:

- 53 % Conseguir Vender
- 39 % Receber material e produtos que necessita
- 29 % Comunicar e divulgar e 18% em levar o negócio pro on-line
- 22 % Organizar as Finanças

Como resposta nasceu uma oportunidade: criamos um curso pelo WhatsApp para quem empreende com costura e artesanato. A maioria (95% das respondentes) indicou estar acostumada a usar o aplicativo ou algum membro da família usa, facilitando o acesso e desmistificando as barreiras digitais.

Durante uma semana as microempreendedoras recebem pelo celular conteúdo exclusivo por mensagens, vídeos, desafios em vendas com inovação e criatividade, finanças na crise, relação com fornecedores e como comunicar e vender online. A turma é acompanhada por um tutor que facilita as trocas e incentiva as parcerias entre os participantes. Nosso objetivo é que mesmo à distância é possível articular os recursos que cada um tem para juntos sairmos dessa mais fortes.

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