Este é um conteúdo de parceria entre o Empreender 360 e a Rede Conhecimento Social.

 

A pesquisa Domésticas Conectadas: acesso e uso de internet por trabalhadoras domésticas em São Paulo, idealizada e realizada pelo InternetLab, em parceria com a Rede Conhecimento Social, foi lançada em 2018. Nossa intenção com o estudo era dar voz para as trabalhadoras domésticas e levantar dados que pudessem apoiar ações de fortalecimento desse grupo, protagonizado por mulheres.

Baseada na metodologia de PerguntAção, a pesquisa foi construída em conjunto com um grupo de reflexão com 27 trabalhadoras domésticas, moradoras da Grande São Paulo, entre diaristas, lavadeiras, passadeiras, copeiras e cuidadoras. Por meio de oficinas práticas, essas mulheres foram protagonistas na construção participativa de todas etapas da pesquisa: desde a qualificação sobre o tema, levantamento de hipóteses, desenho do questionário e análise dos resultados. Dos encontros com o grupo de reflexão, resultou uma pesquisa quantitativa, com uma amostra de 400 entrevistas pessoais e individuais, de 4 a 15 de outubro de 2017, na Grande São Paulo.

A partir do estudo, constatamos que a internet ainda era pouco usada para fins profissionais entre essas trabalhadoras e ainda existem barreiras a serem ultrapassadas. Percebemos que a maioria delas não costumava divulgar o seu trabalho de doméstica, tampouco pesquisar, postar ou divulgar sobre sua profissão ou participar de grupos específicos.

O motivo para esse baixo engajamento parecia ser a insegurança de usar a internet, por exemplo, para buscar trabalho em casas de desconhecidos. E boa parte delas não parecem acreditar nas facilidades e nos benefícios que a tecnologia poderia trazer à profissão. Além disso, apesar de terem orgulho do que fazem, existe um sentimento de que a profissão ainda é muito discriminada no Brasil.

No entanto, constatamos que existe uma predisposição de mudar e de ter maior envolvimento. Embora a maioria das trabalhadoras não conhecesse blogs ou sites sobre serviços domésticos, elas demonstravam interesse em participar de páginas que discutem ou falem mais sobre a profissão.

Também há uma abertura para explorar a internet como campo de aprendizado. Apesar de nunca terem feito cursos na internet, 36% gostariam de ter essa oportunidade.

 

De modo geral, as principais atividades das empregadas domésticas na internet são referentes à comunicação: mensagens de texto e voz (58% utilizam mais de uma vez ao dia) e acesso às redes sociais (41% utilizam mais de uma vez ao dia). Outras atividades menos frequentes são busca de informações, como receitas e dados sobre saúde.

Elas acessam a internet majoritariamente pelo celular. Notamos também que há uma tendência entre atividades de comunicação, comércio e estudo na internet serem mais realizadas pelas mulheres mais jovens.

Constatamos também que as diaristas e as mensalistas têm relações diferentes com os patrões: a continuidade das mensalistas parece aumentar a confiança e a liberdade de uso no trabalho.

Cerca de 5 em cada 10 domésticas tinham a senha do Wi-Fi da casa dos patrões, cuja conexão consideram boa ou ótima. Cerca de 4 em cada 10 domésticas tinham os patrões nas redes sociais e as que não tinham acreditavam que não é bom misturar a vida pessoal com o trabalho.

 

Convidamos você para conhecer mais detalhes sobre a pesquisa no relatório completo de resultados, também em anexo desse artigo.