O segundo episódio da série de webinários promovido pelo Empreender 360 e Bank Of America, em parceria com a Firgun e Integração, debateu a inclusão empreendedora nas cidades. Nesta edição inédita de webinários, falamos sobre os pontos de alavancagem para o desenvolvimento de empreendedores de baixa renda, que estão colocados na nossa Carta Compromisso. Esta foi criada com representantes do governo, empresas e sociedade civil, e estabelece diretrizes para a criação de  soluções, fomentando o empreendedorismo e economia local. Nesta série, juntos com vários especialistas e empreendedores do ecossistema, criamos uma oportunidade para esclarecermos as necessidades e apresentar ideias de desenvolvimento social e econômico.

Neste segundo webinário, o tema foi o pilar de “Cultura Empreendedora”: O que precisamos fazer para que a ideia do empreendedorismo se aproxime das pessoas?. Dandara Barreto (CEAPE/BA), Heber Oliveria (Hanny Store), Paulo Miotta (SEBRAE Nacional) e Andrea Brazil (Capacitrans) nos ajudam a responder sobre quais ações do governo podem diminuir a burocracia e eliminar barreiras impostas a quem deseja abrir um empreendimento e comentam sobre a disseminação da cultura empreendedora como força para incentivar o empreendedorismo de grupos em situação de vulnerabilidade social.

O painel cultura empreendedora abordou como diminuir a burocracia e eliminar barreiras para o empreendedorismo e trouxe um olhar atento e crítico sobre a maneira como a vulnerabilidade social e a discriminação são barreiras adicionais aos empreendedores. Neste sentido, o empoderamento e a capacitação por parte de organizações como a Hanny Store e a Capacitrans mostram um compromisso com a sociedade.   

Dandara Barreto, do Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos da Bahia (CEAPE), destaca, dentro do atual cenário econômico do país,  a importância do empreendedorismo para a economia local e para o desenvolvimento social. A questão que ela coloca é como ajudar as pessoas que empreendem por necessidade a se capacitarem a gerir seus negócios, como difundir a educação empreendedora e financeira, bem como apoio financeiro? 

Heber Oliveira, diretor da Hanny Store se define como administrador por profissão e empreendedor por natureza. Sua empresa distribui confecção para 3 marcas. Mas muito além de uma distribuidora, o propósito da Hanny Store é mudar mentalidades e difundir a cultura empreendedora para um público quase integralmente de mulheres (97%), oferecendo consultoria e orientação individual, além de crédito. Sobre o papel das mulheres, Heber destaca o quanto elas estão  cada vez mais participando do mercado e ampliando sua renda, ganhando autonomia.  

Heber destaca que a capacitação para o empreendedorismo exige fomentar novas mentalidades e construir uma autoimagem de si como empresária. Em seus cursos de capacitação, as turmas participam de oficinas para explorar ideias, criatividade e transformar as mentalidades dos participantes. Como resultado, a Hanny apresenta uma inadimplência de apenas 0,45%. 

Ex-prefeito de Amparo, município Paulista, Paulo Miotta atualmente é assessor da Diretoria Nacional do SEBRAE e destaca os  20 anos de trabalho do SEBRAE em apoiar gestões municipais para o empreendedorismo, trazendo a atenção de prefeitos e gestores que tradicionalmente focam em saúde e educação como as principais áreas de atuação do poder público. Enquanto prefeito, adotou a cartilha do SEBRAE depois de perceber o volume de criação de empresas no município, montou a sala do empreendedor e estabeleceu mecanismos de acesso a crédito. A partir de sua perspectiva de gestor público, atuou em pela revisão de fluxo de processos na Prefeitura, estabelecimento de novas legislações em cooperação com os vereadores para a desburocratização da abertura de pequenos negócios 

A agenda do empreendedorismo cresceu em sua gestão, envolvendo também inclusão produtiva, pois são muitas as ferramentas que o poder público dispões para fortalecer e apoiar o empreendedorismo. Hoje, por exemplo, 90% da alimentação escolar é comprada de uma cooperativa local, agregando desenvolvimento social. 

Andrea Brazil é ativista do estado do Rio de Janeiro, Andrea foi presidente da ASTRARIO (Associação de Travestis e Pessoas Transexuais do Rio de Janeiro), cargo do qual se desvinculou para se dedicar integralmente à sua premiada iniciativa Capacitrans, que está sendo institucionalizada após resultados concretos e positivos após 22 meses de projeto. É cabeleireira, produtora de moda, técnica em administração, tendo estudado empreendedorismo em instituições públicas e em cursos organizados por organizações LGBT, como a Micro Rainbow, que forma. empreendedores. Com este currículo invejável, recebeu a bolsa do Empretech do SEBRAE RJ para aprofundar seus projetos.  

Assim, o Capacitrans surge da realidade cotidiana da vida de pessoas trans e LGBT em geral, a população mais excluída do poder público e da sociedade, pois as portas do mercado são fechadas e as oportunidades em geral são cerceadas.  Para priorizar este público, os critérios de seleção adotam recortes raciais e de padronização corporal para formar turmas representativas e questionar paradigmas:  “a gente não tem a obrigação de parecer mulher”.  

Andrea conta que iniciou com um salão de bairro, cujo limite de crescimento é reduzido devido a demanda local mas foi nesse contexto que ela começou o Capacitrans, para reconhecer talentos trans e oferecer um ofício. Oferecer um ofício e ensinar a administrar um negócio, para ela, combate o preconceito de que corpos trans “só podem estar nas esquinas e nas ruas”. Ela destaca e agradece como padrinho do projeto o Padre Luís Coelho, que fomentou a criação de uma confecção de vestes litúrgicas por participantes do projeto.